quarta-feira, 13 de agosto de 2014

chanel




Jazz, bep bop, Charleston, ritmos que dançavam juntos com a moda feita na década de 1920. A silhueta era lânguida, sem formas, sem curvas, vestidos soltos. Os tornozelos eram a sensação, o fetiche dos salões animados pelas jazz bands. Sobrancelhas e olhos negros, destacados na face pálida e lábios rubros. Nostálgico, envolvente, misterioso, perfumado, assim os anos 20 viveram.

No Brasil, a Semana de Arte Moderna de 1922 reunia os intelectuais e desconstruia conceitos artísticos nas obras de Oswald e Mario de Andrade e na pintura de Tarsila do Amaral (para citar alguns) formando uma identidade cultural tipicamente brasileira. No mundo, o estilo art-déco predominava trazendo a arte construtivista, preocupada com a funcionalidade. A literatura se reinventava com Ulisses de James Joyce e os Contos da Era do Jazz de Scott Fitzgerald.

Na arte, os surrealistas Joan Miró e Pablo Picasso revelavam outra estética, enquanto Dali sonhava as películas ácidas de Luis Buñuel. As fantásticas experiências dadaístas de Man Ray. O expressionismo alemão era uma onda de sentimentos avassaladores, imprimindo sua força na arte da gravura. O cinema soviético representado nos filmes de Sergei Eisenstein.

Charles Chaplin com sua mudez realista contrapõe os filmes violentos de gângster americanos. No glamour hollywoodiano, os astros eram Rodolfo Valentino e Douglas Fairbanks. Era o começo do fim do mundo, com a máxima american way of life. Mas também foi a era das inovações tecnológicas. A eletricidade, a modernização das fábricas, do rádio e o início do cinema falado.

A dançarina Josephine Baker ousava sempre em seus trajes e apresentações. As mulheres começaram a usar cabelos curtos, maquiagem. Os vestidos começavam a mostrar as pernas, ombros e braços. Livraram-se dos espartilhos. E frequentavam óperas. Nas cabeças os chapéus cloche, enterrados até os olhos, antes obrigatório, ficou restrito ao uso diurno no corte à la garçonne.

A ideia era livrar-se dos conceitos, reinventar, experimentar, divertir-se, ser mais leve e prático, em todas as manifestações. Artísticas, políticas, culturais e sociais. E a moda vestia essa tendência.

Coco Chanel surgiu com seu estilo único e inovador, clássico, confortável, símbolo de elegância até hoje. O indiscutível pretinho básico, os cortes retos e perfeitos, as pérolas, as correntes douradas, os blazers, o xadrez. E as calças compridas para as mulheres. Estilo eterno. Ah, Mademoiselle Chanel. Como pensar a moda sem ela, como pensar a moda sem ser fantasia e desejo e ao mesmo tempo sem ser realidade que ela acompanha e veste. A moda é sonho, e também realidade. O que mais pode ser assim na vida?

Tão efêmera e fundamental que Marilyn Monroe ao responder o que vestia para dormir, respondeu: “uma gota de Chanel n° 5”.
http://mariannacamargo.blogspot.com.br/2011_02_01_archive.html

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